Viagens
Viagem ao Marrocos
Yami Trequesser
O avião decola de Heathrow e 3 horas mais tarde está sobrevoando o continente africano. Da janela vejo terras ressecadas, casas humildes, animais magros e o sol ardendo brilhante no céu. Estou no Marrocos.
O aeroporto internacional Mohammed V está localizado em Casablanca. Essa importante cidade comercial do país, que foi imortalizada pelo filme de mesmo nome, oferece como atração a Mosque Mohammed V, a única mesquita do mundo que permite a visita de não-muçulmanos. A suntuosa construção está localizada bem na beira do mar. As visitas guiadas acontecem 4 vezes ao dia.
O Marrocos é uma monarquia. O atual rei Mohammed VI, filho do falecido Mohammed V, é casado com uma engenheira de sistemas e tem 1 filho, o próximo herdeiro do trono. Seus gigantescos palácios estão fincados em cada cidade marroquina. Em algumas cidades, como Casablanca, ele tem mais de um palácio.
Tanta riqueza de um lado e tanta pobreza de outro. A população sofre com a falta de emprego e salários baixos. Situação não muito diferente da do nosso Brasil.
Saindo de Casablanca, de trem, após 2 horas, chega-se a Rabat, a pequena capital do país. Visitas obrigatórias por aqui são o Tour Mohammed V, onde estão enterrados os corpos dos falecidos reis do Marrocos, e a Shella, antiga mesquita consumida pelo tempo.
Antigamente, por medo de invasões bárbaras, as cidades marroquinas eram cercadas por muros e recebiam o nome de Medina. Com a evolução dos anos, as cidades foram crescendo e transbordando para fora dos muros. Hoje, alguns marroquinos ainda moram dentro da Medina, mas ali está concentrado basicamente o souk, mercado de rua, onde se vende de tudo um pouco. Sendo assim, todos os souks são parecidos. Variam, apenas, em relação ao tamanho e a variedade dos produtos.
Os souks são como labirintos. Por isso, para evitar passar pela mesma ruela 30 vezes, contrate um guia para acompanhá-lo. E tome muito cuidado com os falsos-guias, pessoas que sabem menos que você sobre a geografia da cidade e só estão de olho no seu dinheiro. Uma boa dica é contratar um guia com antecedência, através de uma agência de turismo.
A moeda usada no pais é o Dirham, que vale bem menos que o Dólar e o Euro. Viajar para lá é sinônimo de comprar tudo baratinho, devido a essa diferença no valor das moedas. O Árabe e o Francês são as línguas oficiais, com o Inglês sendo a terceira língua mais falada.
As mulheres que pensam em ir ao Marrocos têm de saber que a sociedade marroquina é muito machista e mulher sozinha é sinônimo de garota de programa. Existem duas soluções para essa situação: viajar em grupo ou contratar um guia. Outra coisa importante, e obvia, nada de usar minissaia, blusa muito justa com os seios e braços à mostra.
Eu viajei com um guia especializado para Fez (em alguns lugares se grafa Fes) e o passeio correu perfeito. Peguei sozinha um trem de Rabat. Chegando na estação de Fez, o guia já estava à minha espera e me levou de carro até o Riad - essa é outra maravilha do Marrocos. Você está andando no centro pobre da cidade, passa por algumas casas humildes e, de repente, se depara com um muro gigantesco. Atrás do muro está o Riad, esse hotel ricamente decorado, com piscina de á guas límpidas e quartos elegantes.
Fez, fincada no norte do país, é uma cidade que parece ter parado no tempo. Os comerciantes continuam fazendo o mesmo trabalho, produzindo os mesmos produtos, desde que o mundo é mundo.
Em contraste, Marrakesh é a cidade da festa. Localizada no sul, ela tem uma magia inexplicável. A praça Djema el fnai abriga durante o dia, os encantadores de serpentes, os dançarinos, os vendedores ambulantes de água e as mulheres que fazem tatuagens de henna. Com tanta atração assim, seria facílimo passar mil e uma noites em Marrakesh :-)
À noite, a praça que já era agitada se torna uma loucura. Todas essas atrações dão lugar aos restaurantes. Barracas de comida que se erguem do nada e vendedores que disputam bravamente cada turista. “ Venha comer na minha barraca, pois tenho o peixe mais fresco!”, dizia um vendedor. “Não dê ouvidos a ele! Venha comer na minha barraca, pois tenho as lesmas mais deliciosas da região!”, gritava um segundo. “Senhora, por favor, seja astuta e delicie o couscous e o tajine que acabamos de preparar”, suplicava um terceiro.
A variedade das comidas da Djema el fnai são infindáveis. Couscous e Tajine são os pratos característicos do Marrocos. Se pimenta é o seu fraco, então, prove ou pergunte antes de ordenar qualquer prato.
Além da praça, a Medersa Ben Youssef é uma atração de tirar o fôlego. Medersa é o lugar onde é ensinado o corão, a bíblia dos muçulmanos.
Em alguns momentos da viagem, me senti em casa, pois o time brasileiro de futebol é muito querido no Marrocos. Vi uma centena de pessoas usando a camisa 10 de Ronaldinho. Espero que seja sempre assim. Inshalá