Viagens
Christchurch
Um charme quase a beira-mar
Christchurch
Um charme quase a beira-mar
A dica de viagem dessa semana é uma cidade pequena, mas cheia de coisas para se ver e fazer.
Christchurch, cidadezinha medieval que fica na Costa Sul da Inglaterra, data de pelo menos 1.800 anos antes de Cristo e ainda conserva o visual arquitetônico de dez séculos atrás. Localizada a menos de três horas de trem de Londres, a cidade é uma ótima opção para renovar as energias em alguns dias de descanso ou até mesmo para um passeio de apenas algumas horas. Dois belos vilarejos fazem parte do município, Highcliffe e Mudeford, e a visita pode ser estendida facilmente até duas outras cidades praianas vizinhas, Bournemouth e Southampton. Aliás, a região atrai uma boa quantidade de turistas durante o verão, mudando completamente o visual das ruas tranqüilas que vi quando fui lá pela primeira vez, durante o inverno.
Entre as atrações, estão praias, construções históricas, museus, pubs, além de outras opções de lazer. Dentre as coisas mais bonitas de serem vistas, estão ruínas do século X, que completam o cenário da Priory Church, igreja construída mais ou menos em 1086 pelos normandos e preservada até os tempos de hoje. Ao lado esquerdo dela fica o Twynham Castle, castelo que servia como ponto de parada de tropas em duas guerras civis, e ao lado direito o Constable’s House, uma construção residencial que mostra o estilo arquitetônico normando e que guarda uma das três mais antigas chaminés do Reino Unido. No meio passa um rio, e todos os lados são cercados de belos e bem cuidados jardins. Tudo é aberto ao público.
O que fazer
Apenas andar pela cidade e admirar as casinhas antigas já faria a visita valer a pena, mas há muito mais a ser experimentado. É em Christchurch que fica o Museu da Eletricidade em Bargades, onde estão vários experimentos que levaram à descoberta da energia elétrica, modelos de estações de energia e antigos utensílios domésticos, os primeiros a funcionarem com eletricidade, e ainda um trem de verdade datado de 1911. Um outro é o Red House Museum & Gardens in Quay Road, que guarda a história da cidade e também apresenta mostras de artistas locais. Destaque para os jardins, com uma grande variedade de plantas, árvores e esculturas.
Já no Regent Center, prédio construído em 1931, o visitante encontra uma boa oferta em teatro, cinema, concertos e exibições. Para quem gostaria de ter uma vista mais ampla de todas as belas coisas, a dica é ir ao Bournemouth Flying Club, que oferece cursos de pilotos e também aluga pequenos aviões. Por falar nisso, outra dica também em Bournemouth é o Aviation Museum, que guarda uma excelente mostra de aeronaves de uso militar e civil. Para quem é afinado com a preservação da natureza, é imperdível uma visita ao Santuário de Corujas, em New Forest, sendo os melhores horários de visita perto do meio-dia ou das três da tarde, quando se colocam as aves para voar em uma pequena demonstração. Mas se o espírito infantil falar mais alto, a dica é visitar o parque temático de Alice no País das Maravilhas.
Mas o melhor mesmo é passear pelo píer que fica ao lado do Castelo de Christchurch num final de tarde, e alimentar os inúmeros gansos, cisnes e patos que habitam o local. Vários barcos antigos ancorados nos arredores fazem a vista ainda mais bonita, e o visual é completado pelas gaivotas que sobrevoam a região, volta e meia mergulhando para pegarem peixes. Depois de esquecer a vida em Londres nessa paisagem bucólica, a dica é, já no início da noite, dar um pulinho em um dos estilosos pubs, que conservam estilo medieval e, em alguns casos, escrituras em inglês arcaico nas paredes.
O Brasil no coração
As pessoas passeiam tranqüilamente pelas ruas de Christchurch, mas Anton Evans parecia ser o único preocupado com o relógio. É que na tarde em que o encontramos, na segunda-feira, dia 23, o Brasil estava se preparando para entrar em campo em jogo contra a Turquia. “É o maior time de futebol do mundo. Eu tenho que estar em quinze minutos em casa para ver”, disse o pontual inglês, devidamente vestido com a camisa verde amarela da seleção brasileira, presente que um vizinho trouxe do Rio de Janeiro.
Anton nasceu e morou a vida toda em Christchurch, nunca foi ao Brasil, mas sempre teve o país verde e amarelo no coração. Sabe de cor várias escalações da Seleção Brasileira de Futebol, informações gerais sobre política e economia do País e detalhes sobre algumas das principais cidades brasileiras. Enquanto segue o minucioso ofício de construir miniaturas de castelos na garagem de casa, profissão que ele já exerce há muitos anos, Anton sonha em conhecer o Brasil. E não está longe de realizar isso: a viagem está quase marcada, e se tudo der certo, ele chega em pleno verão carioca, em novembro desse ano. “A primeira coisa que quero ver é o povo jogando bola na praia”, diz ele animado com a viagem.